segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A dor no cão

A Associação Internacional para o estudo da dor define a DOR como sendo uma sensação desagradável a uma experiência emocional em resposta a uma agressão tecidular real ou potencial.

Nos animais esta definição pode ser completada das seguintes formas:

A dor é uma experiência sensorial adversa causada por uma ameaça real ou potencial que provoca reacções motrizes e vegetativas protectoras, conduzindo a aprendizagem de um comportamento preventivo da dor e que pode modificar o comportamento específico da espécie, incluindo o comportamento social.

Existem dois tipos de dor: física e psíquica. Em relação há intensidade ela pode variar de ligeira a intensa dependendo do tipo de afecção que lhe está subjacente (aguda, crónica, pós-operatória). Pode estar localizada interna ou externamente.

Como se pode saber se o cão está em sofrimento?

É comum dizer-se que os cães "sofrem em silêncio". No entanto, e apesar da linguagem que uitiliza para exprimir a dor ser mais elementar, mas discreta, e de alguma forma, mais secreta, do que a que nós, humanos, o cão exprime-se através de um certo número de reacções que é preciso conhecer bem para compreender o seu significado.
No cão, a dor é exteriorizada através de posturas mímicas e diversas formas de vocalização (ganidos, gemidos, uivos). As vocalizações são mais frequentes quando se trata de uma dor de origem externa (pancada, atropelamento, etc.) e só se manifestam de forma expontânea, em situações graves de origem interna.
Quaisquer que sejam as manifestações de dor, estas serão uma ajuda preciosa no diagnóstico de inúmeras afecções, dado que frequentemente, este será o primeiro, e por vezes, único sintoma da sua existência.
Assim, é conveniente dar atenção a alguns comportamentos que podem significar presença de dor, como sejam:
  • Alteração de hábitos: agitação ou prostração, tremores, resistência a levantar-se, orelhas baixas, cauda baixa, micções descontroladas, emagrecimento acentuado.
  • Mímica facial: o olhar, movimentos rápidos da língua.

  • Mímica gestual: abanar violento e constante das orelhas, coçar as orelhas, movimentos rápidos dos membros anteriores em direcção à boca, coçar e morder em qualquer parte do corpo, reacções de defesa, agressividade, mastigação difícil, recusa à palpação.

  • Mímica postural: adopção de posturas incorrectas, prostração, levantar difícil ou coxeira permanente.

  • Manifestações cardio-respiratórias: respiração difícil, frequência respiratória aumentada, frequência cardíaca aumentada.

  • Manifestações secretoras: lacrimejamento, excesso de saliva.

  • Manifestações psíquicas: o animal passa muito rapidamente de um estado depressivo para um estado agressivo, inaptência, insónias (dores agudas), desgosto em viver (dores crónicas) podendo levar à morte.

Dor psíquica no cão

A dor psíquica não é um privilégio do Homem. O cão também se ressente psiquicamente e por vezes de forma intensa e duradoura.

Este tipo de dor pode ser:

- De curta duração e manifestar-se através de reacções de grande excitabilidade durante períodos de hospitalização ou de ausência dos donos.

- Ou subsistir durante longos períodos de tempo no caso de morte dos donos, ou de abandono ou de estadas prolongadas em canis, podendo traduzir-se em prostração, melancolia, falta de apetite, recusa em viver e em casos extremos, podendo mesmo conduzir à morte.